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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dieta mediterrânica

Uma dieta rica em fruta, vegetais, cereais, peixe e legumes secos - tradicionalmente seguida nos países mediterrânicos - está agora a ser defendida pelos nutricionistas mundiais. Este tipo de regime alimentar, além de promover a saúde, funciona como medida terapêutica em doentes com problemas coronários. Em Portugal, calcula-se que apenas um terço da população mantém ainda estes saudáveis hábitos alimentares

HÁ cerca de 35 anos, Ancel Keys e os seus colegas da Universidade do Minnesota publicaram conclusões que, se então tivessem merecido as atenções devidas, teriam prolongado a vida de milhões de pessoas durante pelo menos 30 anos e de muitos mais milhões no decorrer dos próximos anos.

Os investigadores analisaram a relação entre o regime alimentar e os índices de doenças cardíacas em sete países, tendo concluído que as pessoas que viviam ao longo da costa mediterrânica sofriam apenas uma percentagem mínima de ataques cardíacos e doenças das coronárias quando comparadas com aquelas que viviam noutros países ocidentais industrializados.

Entre as pessoas da região mediterrânica, a gordura consumida na alimentação era maioritariamente de origem vegetal; entre os outros, a dieta era rica em gorduras animais altamente saturadas, oriundas da carne e dos lacticínios.
Nos anos que se seguiram ao estudo sobre esses sete países, outros investigadores ajudaram a identificar as particularidades fundamentais daquilo que passou a ser conhecido sob a designação de dieta mediterrânica, ao mesmo tempo que numerosos livros de cozinha propunham pratos deliciosos que até contribuem para proteger o coração e os vasos sanguíneos e, como bónus, podem mesmo prevenir o aparecimento de diversos tipos comuns de cancro.

Os estudos vieram confirmar as observações feitas inicialmente por Ancel Keys e provaram que as mortes devidas a doenças das coronárias são muito menos comuns nos países mediterrânicos do que no norte da Europa.

O estudo mais recente, publicado no mês passado no «Circulation», boletim da American Heart Association, é o resultado de quatro anos de acompanhamento médico feito, em França, junto de 400 homens e mulheres; todos tinham sofrido um ataque cardíaco e corriam o risco de sofrer outro.

A metade dos participantes no estudo foi recomendado que passassem a fazer uma dieta do tipo mediterrânico, rica em fruta, vegetais, cereais, peixe e legumes secos, sendo a outra metade aconselhada a seguir uma dieta ocidental mais tradicional, com relativamente pouca gordura, gordura saturada e colesterol.

A tendência verificada entre aqueles que seguiram a dieta mediterrânica foi de uma redução entre 50 e 70% dos casos de recorrência de doença cardíaca, em comparação com o grupo que seguiu a alimentação tradicional.

A característica mais surpreendente e gastronomicamente mais agradável deste regime alimentar que foi revelada por esta investigação talvez tenha sido o facto de a dieta não precisar de ser pobre em gordura para proteger o coração. Em vez de insistir na não adição de gordura aos alimentos e na interdição de produtos contendo gordura animal, os defensores da dieta mediterrânica incluem uma percentagem considerável de gordura, quase todas sob a forma de óleos: azeite, óleos de sementes e de frutos secos e óleo de peixe.

Contudo, a carne na dieta mediterrânica tradicional é apenas ocasional e mais utilizada como condimento do que como base principal das refeições. Pelo contrário, este regime apresenta grande variedade de frutas e hortaliças, legumes e frutos secos, bem como em cereais sob diversas formas (pão, massas, arroz, trigo duro), frequentemente cozidos e temperados com azeite.

Os alimentos predominantes de origem animal são o peixe, o iogurte e o queijo (geralmente queijo magro de cabra). O vinho é normalmente bebido com moderação às refeições.

No estudo recém-publicado, efectuado por Michel de Lorgeril e por colegas seus em Lyon, 30% das calorias da dieta mediterrânica em análise vinham de gorduras e 8% de gorduras saturadas, comparadas com 34% de calorias derivadas de gorduras e quase 12% de gorduras saturadas na dieta do outro grupo. A ingestão de colesterol foi, em média, de 212 miligramas por dia na dieta mediterrânica, ao passo que na dieta do grupo de controlo foi de 312.

O grupo que seguiu a dieta mediterrânica também consumiu mais fibras, antioxidantes e vitaminas B, que se encontram nos frutos e hortaliças e contribuem para diminuir as lesões arteriais que precedem as doenças cardíacas.
O que há de tão especial no azeite ou nos óleos de sementes e frutos secos, como o óleo de noz, de canola ou de linhaça? Em primeiro lugar, são óleos insaturados que não aumentam os níveis de colesterol no sangue. São também ricos em ácido alfa-linoleico, um ácido gordo ómega 3 que se encontra apenas em plantas e constitui um nutriente essencial da alimentação humana. Juntamente com os óleos de peixe, que são igualmente ricos em ácidos gordos insaturados ómega 3, estes óleos têm diversos efeitos sobre o organismo, entre eles o de prevenir ou reduzir as doenças cardíacas e das coronárias.

Estudos efectuados em animais e seres humanos apontam para a redução do risco de coágulos sanguíneos, a prevenção de alterações do ritmo cardíaco, menos inflamação e obstrução dos vasos sanguíneos por depósitos de gordura e colesterol e prevenção de morte súbita por paragem cardíaca (este último efeito está geralmente associado aos óleos de peixe).

Uma conclusão interessante do estudo de Lyon foi que, embora se tenha prolongado por apenas 27 meses, a maioria dos participantes que estiveram no primeiro grupo experimental continuaram a seguir a dieta.

(artigo publicado originalmente aqui.)